Confesso que esse Flamengo e Resende teve um gosto especial. Saboreei com prazer cada gol rubro-negro. Aquela fatídica semifinal que todo comentarista adora falar, nunca saiu da minha cabeça. Mas todo mal tem seu lado positivo. A carapuça do Flamengo caiu e a crise estourou. O Cuca foi inteligente, aproveitou a bagunça e desmanchou as panelinhas de 2008 ao reorganizar as peças. O time começou a jogar melhor. Cada partida eu sinto uma evolução, um entrosamento maior, uma vontade de mostrar qualidade.
Os 4 a 0 de hoje é mais uma prova dessa evolução. O time jogou solto, tocando a bola e dominando o jogo. O Juan jogou bem, deu lindos dribles, chutou e se apresentou. Pena que ele esteja errando tantos passes. Mas o destaque, com certeza é a dupla Josiel e Erike Flores. Não assisti ao jogo passado contra o Madureira, mas pelo pouco que vi o menino deu show. É nosso próximo Zico!
O Flamengo pode até não estar jogando o fino trato da bola, mas tem um dos melhores elencos do Brasil. Bruno é o melhor do mundo. Fábio Luciano e Ronaldo Angelim formaram uma das três melhores duplas de zaga do ano passado. Léo Moura e Juan são de seleção. Volante temos Ibson, craque preterido pelo mundo todo. Zé Roberto joga muito. Jônatas e Kléberson formam um banco de luxo. Airton e Erike Flores são jóias raras. E agora temos nosso sanção Josiel.
É meu maior prazer, vê-lo brilhar, seja na terra, seja... na quadra. O Flamengo conquistou ontem o maior título de sua história: a Liga Sul-Americana de Basquete. O esquadrão rubro-negro venceu o time argentino Quimsa por 98 a 96, no jogo decisivo do Final Four – em Santiago del Estero (ARG). O jogo foi definido apenas nos últimos segundos, em dois lances livres convertidos pelo ala Duda. Sensacional!
Quatro meses de salários atrasados, adversário invicto e um ginásio lotado de torcedores apoiando o time da casa. Com muita raça e contra todas as circunstâncias, o mengão foi buscar o título em solo argentino.
De acordo com o GloboEsporte.com o Marcelinho foi o cestinha da noite, com 41 pontos, sendo 30 no primeiro tempo. Com o título, os jogadores dão um exemplo de superação e uma lição na diretoria, que não paga os salários há quatro meses. Pena que eu não tenha visto esse momento histórico.
Na semana pré-jogo cheguei a pensar que o Flamengo iria se acabar. Todo mundo falava mal do time. Para completar o inferno astral, o goleirão Bruno discutiu com o intocável Andrade. Isso sem contar os quatro meses de salários atrasados, 300 milhões em dívidas e craques prestes a serem vendidos. Felizmente vencemos o coitado do Duque de Caxias.
O destaque, claro, foi o Léo Moura. O lateral se transformou num belíssimo meio-campista. Ótimos lançamentos, passes certos, cobranças de falta decisivas, gols. Quase tão bem quanto ele estava Zé Roberto. Que jogado excelente. O cara parece um cavalo correndo, nunca perde a passada. Passes primorosos, sempre jogando pelo coletivo. Até Josiel marcou.
Pena que a vitória não seja suficiente para esconder tantos problemas. A saída do Ibson é certa. O Porto cobra R$ 14 milhões por seu passe. A do Juan também já era, ele é o único jogador que interessa o mercado europeu. E agora o Léo Moura, que foi oferecido pelo próprio Flamengo ao clube que o Zico dirige na Rússia.
E se não bastasse tantos problemas, o Bruno ameaçou sair do mengão na janela de transferência de julho. O que seria uma perda incalculável. Até o presidente Márcio Braga abandonou o barco. Depois da licença médica ele não volta mais. Tinha gente falando em antecipar as eleições que ocorrerão em dezembro desse ano. Mas isso é contra o estatuto. A solução para o Flamengo? O Josiel sabe.
