Meu Fla-Flu mais emocionante aconteceu em 25 de junho de 1995, decisão do Campeonato Carioca. Lembro bem desse dia. Estávamos em plena festa junina.
Nessas ocasiões me divertia com traques (aqueles pequenos explosivos em formato de fósforo). Eu juntava algumas caixas, amarrava tudo com fita e formava uma bomba arredondada. A sequência de explosões sempre chamava a atenção de toda a rua. Vinha moleque de todo canto assistir ao "espetáculo".
No dia daquele Fla-Flu eu estava com uma bomba de traques na mão.
O Flamengo comemorava seu primeiro centenário. Eu tinha 14 anos. Vivia a primeira grande temporada como torcedor, acompanhando 100% dos jogos e vestindo a 11 do baixinho Romário, eleito o melhor do mundo.
Assisti ao jogo num barzinho na esquina da minha casa. Como sempre o lugar estava lotado. Muitos flamenguistas. Mas quem assiste jogos dessa maneira deve se preparar para os espíritos de porco. E naquele dia eles eram muitos.
O Fla-Flu começou com muita chuva. O Fluminense sempre melhor, tendo feito 2 a 0. Na raça o Flamengo melhorou e faltando poucos minutos conseguiu empatar. O resultado dava o título ao rubro-negro. Mas aos 42 do segundo tempo, Renato Gaúcho, de barriga, fez o gol tricolor. Tragédia.
Até então Renato Gaúcho era meu grande ídolo. Eu tinha pôster, fotos, camisas, até o nome dele pintado no poste em frente minha casa. Mas aquele gol acabou com tudo. Era o desfecho trágico de uma história sem fim. Lembro de tudo, até do Renato ajoelhado dizendo: "Não estou rezando, estou procurando o futebol do Romário".
Mas o clássico não é só tristeza. Ano passado mesmo tivemos uma vitória histórica do Flamengo por 5 a 3 de virada e com dois jogadores a menos. Coisas assim só acontecem num Fla-Flu.
Ah, o pessoal da rua explodiu a bomba de traques. Mesmo com a derrota, seria um desperdício cancelar o espetáculo explosivo. Depois daquele dia nunca mais brinquei com fogo.