Voltei a consumir a revista Placar. Sempre acompanhei a publicação, mas com o advento da internet, meus hábitos mudaram muito. Somente hoje consigo distinguir as características e importâncias de cada uma das fontes de informação futebolística: jornal, revista e internet.
A Placar, por exemplo, assumiu o futebol como DNA. A revista não tem mais mulheres, rock and roll, outros esportes ou qualquer dica de drink, roupa, livros. Placar virou uma revista de futebol e só. E isso é fantástico. Quem procura dicas de emagrecimento deve procurar outra publicação. Acho que foi isso que me atraiu de volta. Acho que é isso que me fará ser assinante.
Nessa minha volta à revista estranhei bastante a quantidade de capas diferentes para uma mesma edição. Essa de novembro, por exemplo, tem Marcelinho Paraíba (Rio de Janeiro), Luxemburgo (São Paulo), Tcheco (Rio Grande do Sul) e Renan Oliveira (Minas Gerais), ilustram o portão de entrada. Aqui no Piauí recebi a capa do Rio, por isso comprei. Foi aí que percebi que a capa é 99% da motivação de quem compra revista na banca. Então passei a respeitar a decisão da revista de apelar para essa estratégia na tentativa de vender mais.
Entre as reportagens gostei dos "10 golpes de Luxa", destrinchando a forma de trabalho do técnico Vanderlei Luxemburgo. Um dos "golpes" é a forma que Luxa tem de escapar das perguntas sobre as falhas da equipe durante as coletivas pós-derrota. Ele sempre inventa alguma coisa polêmica para desviar a atenção de seus erros. Outro é não permitir cartolas nas preleções, dessa forma pode meter o sarrafo nos caras para conseguir o apoio dos jogadores.
A revista denuncia os contratos de gaveta que o Santos faz com seus atletas, fazendo-os assinar documentos com datas futuras para manter contratos conforme sua conveniência. Outro absurdo é a "liberação das faltas" iniciada pelo árbitro Leandro Vuaden. Depois que o cara deixou de marcar faltas, o Flamengo (time que o jogo mais limpo do Brasileirão) caiu de rendimento.
Só melhorou com a chegada do Marcelinho do Mengão (ex-Paraíba), conforme mostrado em uma das reportagens. A carreira do cara é cheia de altos e baixos, desmistificou a imagem que eu tinha dele. Por isso compro a revista. A Placar de hoje não informa, explica.