quinta-feira, 27 de maio de 2010 às 22:15

Quanto vale a alma de um imperador romano?

Adriano

Um ano atrás eu comemorava a volta do Imperador. Fiquei feliz não só pelo jogador, mas pelo ser humano. Adriano falava da alegria em estar perto da família, dos amigos. Revelou sentir depressão na Itália. Contou momentos de infelicidade, não tinha mais prazer em jogar futebol. Ameaçou parar.

Vi nos olhos dele como é ruim fazer o que não gosta, trabalhar apenas por dinheiro, como uma prostituta. Afinal, quem nesse sistema capitalista não é assim? A maioria de nós vende o esforço laboral em troca de trocados. Aceitamos o mínimo que nos garanta idas esporádicas ao Maracanã.

Vê o Adriano esnobando os milhões oferecidos pela Inter de Milão deixou todo mundo empolgado. Ele mostrava através do próprio exemplo que era possível ser feliz através da vocação, da qualidade de vida. Quanto vale a convicência com a família? Quanto vale morar perto dos amigos? Qual o preço de um sorriso?

Não tem preço. Ou melhor, não tinha preço. A volta do Adriano à Itália enterra aquilo que seria seu grande legado. O Imperador não era o que era apenas pelo que mostrava em campo. Ele carregava uma aura de quem havia cuspido na cara sistema opressor, dos milhões de euros, dos jogadores mercenários, da ambição sem fim. Esse Adriano pra mim acabou!

Não quero alongar o assunto, mas credito ao goleirão escroto Gilmar Rinaldi a maior parcela da culpa. Como empresário, o bom pra ele é vender o jogador todo ano. A presidenta Patrícia Amorim também vacilou. Anda dando mostras é uma administradora de araque. Ainda assim, não esnobo o Adriano, como a maioria da torcida está fazendo. Pra mim ele foi importante sim, vai fazer muita falta. Agora só nos resta agradecer e torcer para que o Imperador tenha conseguido um bom preço por sua alma.
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